Empresas do setor de automação industrial aproveitam momento de readequação da indústria para crescer. A crise que atingiu a economia nos últimos anos impulsionou investimentos em processos de eficiência do parque fabril.
“Para ser mais competitiva, a indústria precisa baixar seus custos e focar sua iniciativa em soluções de eficiência”, aponta o presidente da Danfoss na América Latina, Julio Molinari. Entre 2014 e 2017, as sucessivas quedas de faturamento e produção em diversos segmentos da indústria forçaram um replanejamento dos processos produtivos, visando reduzir custos e desperdícios.
De acordo com Molinari, a Danfoss, fornecedora de tecnologias voltada a cadeia produtiva e eficiência energética, cresceu acima dos dois dígitos no ano passado. “2018 também está sendo muito bom, com diversos projetos trazendo crescimento, em setores como a produção de bebidas.” O executivo explica que a empresa também tem atuado em distribuição de ar condicionado e eficiência energética para edifícios não residenciais, como hospitais e aeroportos.
“Ao trazer soluções para cada um desses setores, percebemos que existe um incremento da demanda, com a energia ficando cada vez mais cara.”
Recentemente, a empresa inaugurou uma linha de produção de bombas e motores de pistão de alta pressão na fábrica de Caxias do Sul (RS) onde investirá mais de R$ 10 milhões até o final do ano. “Estamos há 50 anos no Brasil, não são muitas empresas que conseguem isso, ainda mais em um continente de repetidas crises e recessões. Sempre vimos esses momentos como oportunidades para melhorar nosso relacionamento com clientes e estreitar parcerias”, afirma Molinari.
MERCADO POTENCIAL
O gerente da divisão de automação industrial da Mitsubishi Electric, Fabiano Lourenço, conta que a companhia teve crescimento próximo a 300% no Brasil entre 2012 a 2017, desempenho puxado pela divisão de automação. “Atuamos em diversos segmentos, como automotivo e químico.
Mesmo entre 2015 e 2016, dois anos muito ruins para a economia brasileira, a empresa cresceu, apostando aonde a queda não foi tão acentuada, como nos setores de alimentos e bebidas. “Lourenço aponta que 2018 está sendo positivo e que outros setores da indústria voltaram a investir.
“Crescemos por volta de 25% nos primeiros quatro meses do ano, depois de uma esfriada, os clientes começaram a executar as soluções que compraram. A greve dos caminhoneiros também impactou, mas esperamos melhora no 2º semestre.”
A Mitsubishi trabalha com produtos como dispositivos de visualização (IHMs), servo acionamentos, robôs industriais e soluções de monitoramento de energia.
“Alguns segmentos da indústria brasileira já tem um bom nível de automação, principalmente o automotivo, mas há grande potencial em empresas de pequeno e médio porte. Ainda há muito espaço para investir e crescer”, afirma Lourenço.
A diretora-executiva da Rayflex, Giordânia Tavares, revela que a empresa, especializada em portas rápidas automáticas, seccionais e niveladoras de docas, deve crescer de 20% a 30% em 2018. “Essas portas possibilitam manutenção da temperatura ambiente e impedem contaminação, reduzindo gastos com energia. Além disso, o sistema de auto reparação evita a necessidade de troca de peças e paradas de produção.
É um produto novo no Brasil, ainda não é consolidado na maioria dos setores da indústria.” A Rayflex adquiriu recentemente as operações no Brasil da Hörmann, indústria alemã do mesmo segmento. “Assumimos toda operação local desse player, que é muito grande globalmente. Trouxe um importante know-how, além de aumentar nosso portfólio e nossa carteira de clientes”, explica Giordânia.